segunda-feira, 20 de abril de 2015


 Os primeiros meses do ano ameaçam bater recordes de mortes no mar Mediterrâneo, com naufrágios a sucederem-se a uma escala sem precedentes. Foi confirmada a morte de pelo menos 20 pessoas no naufrágio de uma embarcação que transportava cerca de 300 imigrantes.
O alarme foi dado pela Organização Internacional das Migrações (OIM) e ocorreu pouco mais de 24 horas depois do naufrágio de um outro barco com cerca de 700 migrantes a bordo. O barco lançou um pedido de socorro que foi captado pela organização, disse à AFP o seu porta-voz, Joel Millman. Trata-se de um de três barcos em sítios próximos a precisar de ajuda situados em águas internacionais, mas desconhece-se ainda a localização exacta das embarcações.
A OIM reencaminhou o pedido de ajuda para a guarda costeira, mas as autoridades marítimas afirmaram que "não têm os meios para os socorrer neste momento", disse o porta-voz, uma vez que os recursos foram disponiblizados para o naufrágio de domingo de uma embarcação com cerca de 700 pessoas a bordo. "A guarda costeira vai provavelmente tentar redireccionar navios comerciais", informou a organização, sublinhando que essa solução pode revelar-se ineficaz devido à recusa de alguns desses navios em colaborar.
Caso se confirmem as piores previsões, com os naufrágios dos últimos dois dias, desde o início do ano terão morrido perto de duas mil pessoas – em todo o ano passado houve 3419 mortes confirmadas. Com a chegada da Primavera e do tempo ameno, teme-se que o fluxo migratório proveniente do Norte de África e do Médio Oriente se acentue.
Antes disso, uma outra embarcação encalhou na ilha grega de Rodes, no mar Egeu. Foram resgatadas 80 pessoas pela polícia marítima grega e os corpos de três – um homem, uma mulher e uma criança – foram recuperados.
As notícias de novos naufrágios de barcos com imigrantes clandestinos que tentam chegar à Europa surgem no dia de uma cimeira europeia convocada de emergência. Os ministros dos Negócios Estrangeiros e do Interior da União Europeia encontram-se esta segunda-feira no Luxemburgo para debater a segurança no Mediterrâneo e o fluxo migratório para a Europa.
A Alta-Representante para a Política Externa da UE, Federica Mogherini, disse que "já não há álibi" para que a questão da pressão migratória pela rota do Mediterrâneo continue a ser desprezada pelo bloco europeu. “As tragédias dos últimos dias, dos últimos meses, dos últimos anos, são demasiadas. São necessárias medidas imediatas da parte da UE e dos estados-membros”, acrescentou a italiana.
O debate no seio da UE sobre a segurança do Mediterrâneo tem sido um dos exemplos mais significativos da dificuldade entre os estados-membros de encontrarem uma posição comum. Se países como a Itália, França, Espanha ou Malta – mais afectados pelo fluxo migratório do Magrebe e da África Subsariana – defendem soluções abrangentes para combater o problema, outros estados europeus, com o Reino Unido à cabeça, promovem a redução do financiamento das operações de resgate, que consideram encorajadoras da imigração clandestina.
        

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