Associação de amigos em Araçatuba ajuda a cuidar de crianças autistas
Mais de 70 milhões de pessoas no mundo são atingidas pela síndrome.
Nesta 5ª é celebrado Dia Mundial de Conscientização sobre Autismo.
Mais de 70 milhões de pessoas no mundo são atingidas por um distúrbio neurológico que atinge o comportamento social. Nesta quinta-feira (2) é comemorado o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, síndrome que continua sendo um desafio para a medicina.
Durante esta semana a equipe da TV TEMesteve na Associação de Amigos do Autista de Araçatuba (SP), e conheceu várias famílias que têm filhos autistas. A visita foi inesquecível, cada uma das crianças vive em um mundo particular e belo. Quem consegue romper as barreiras dessas pessoas acabam descobrindo que elas são carinhosas, espertas e com um grande amor pela vida.
O estudante Renato Cesar Pereira Júnior, de 11 anos, adora ler. Ele passa a tarde inteira com um livro nas mãos, mas ele tem uma característica diferente dos outros meninos da mesma idade, ele lê sempre a mesma história, que fala de uma criança especial. Até os 6 anos, Renato não falava nenhuma palavra. Os médicos chegaram a suspeitar que ele fosse surdo e mudo, até que veio o diagnóstico: autismo. “Aprendi com o livro, que mesmo sendo diferente dos outros, todo mundo é igual”, diz o estudante.
Pouco tempo depois a mãe e dona de casa Ana Valda da Silva Pereira descobriu que o filho mais novo, na época com 2 anos, também era autista. Foi preciso dobrar a dose de coragem. “Eu descobri que ele tinha o autismo, porque vinham muitas reclamações da escola de que ele era agressivo, mordia as pessoas, subia nas cadeiras, avançava nos professores e ao completar 7 anos, veio o diagnóstico de autismo, foi quando começamos o tratamento com ele. A principio foi um baque, mas como Deus me abençoou com um filho especial, ele abençoou novamente com outro filho especial”, explica a dona de casa.
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Cada portador da síndrome possui um universo próprio, com dificuldades e características únicas. Entrar nesse mundo tão particular é o principal desafio enfrentado por especialistas e também por pais. E o psiquiatra infantil Gilberto Emílio Nogueira diz que quem consegue romper a barreira descobre que eles têm habilidades incríveis. “O que sabemos, é que todas crianças avançam desde aquela que tem mais dificuldade e a que tem menos. Então a nossa estratégia e descobrir esta dificuldade e trabalhar, ver seus potenciais e criar condições para desenvolver. Isso irá ajudar até na profissionalização da pessoa no futuro”, explica o médico.
O médico explica que a síndrome costuma aparecer nos três primeiros anos de vida. A criança tem dificuldades para se comunicar e interagir. O autismo é quatro vezes mais comum em meninos do que meninas e as causas ainda são um mistério para a ciência. “O autismo tem uma causa neurobiológica com componente psicossocial, que cria uma pré-disposição e dependendo da quantidade de genes que vão se manifestar de acordo com sua composição, tornando o caso mais grave ou moderado, que é o mais leve”, informa o psiquiatra infantil.
As crianças autistas têm que receber um acompanhamento especial, os pais também precisam de orientação e em Araçatuba eles encontram tudo isso nesta associação que hoje atende 110 famílias. A presidente da AMA, Associação de Amigos dos Autistas, Maria Paula Costa Gan é uma das fundadoras. Foi a própria história que fez com que ela começasse a desenvolver esse trabalho. “Eu tenho um filho especial e tinha esse problema que frequentava uma escola normal e eu pensei, onde irei colocá-lo? Ele precisava ter um lugar em especial, já existia a Apae, mas eles não cuidavam de autistas. Então fui atrás e lutando consegui a AMA, conseguindo nosso próprio prédio. Foi uma luta de 16 anos e graças ao meu filho”, explica a presidente da AMA.
Desde que começou a ser atendido, o aluno Gabriel Sabino, de 12 anos, mudou seu comportamento, melhorando a fala, o convívio social. E ele tem até planos para o futuro. “Eu quero ser bombeiro e salvar a vida das pessoas, que é um verdadeiro milagre”, afirma o estudante.
Às vezes, a principal conquista para o futuro é um grau maior de independência. É o caso do estudante da AMA, que não fazia nada sozinho até chegar à associação. “Em casa posso falar que meu filho é independente, e nada disso ele fazia, ainda não falava nada até os 3 anos de idade, mas hoje sabe dizer até não para coisas que ele não quer”, explica a dona de casa Simone Sabino. Quem quiser conhecer o trabalho da AMA, de Araçatuba pode entrar em contato pelo telefone (18) 3624 44 80.
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