Egito inaugura Canal de Suez ampliado com esperança de impulso à economia
Publicação: 06/08/2015 12:08 Atualização:
O Egito inaugurou nesta quinta-feira a maior ampliação já feita no Canal de Suez, que o presidente do país, Abdel-Fattah el-Sissi, tem classificado como um acontecimento histórico. Segundo o presidente, a extensão do canal era necessária para impulsionar a fragilizada economia do país após anos de turbulência social.
El-Sissi, vestindo uniforme militar e seus tradicionais óculos escuros, chegou à cerimônia em um helicóptero militar e imediatamente embarcou em um iate da era monarquista que navegou pelo canal. Mais tarde o presidente participará de outra cerimônia na cidade de Ismaília.
A apresentação da extensão, no valor de US$ 8,5 bilhões, do canal foi promovida como um evento histórico pela mídia estatal e reacendeu o nacionalismo da população em defesa de El-Sissi, que liderou um golpe militar contra um presidente islamista em 2013 e assumiu o governo no ano passado.
A extensão envolveu escavação e dragagem ao longo de 72 quilômetros dos 193 quilômetros do canal e abriu um trajeto paralelo em certo trecho para facilitar o tráfego em dois sentidos. Com uma profundidade de 24 metros, o canal agora permite a passagem simultânea de navios com calado de até 66 pés. Inicialmente o projeto havia sido estimado em três anos, mas El-Sissi ordenou que ele fosse concluído em um ano.
O governo afirma que o projeto foi totalmente financiado por investidores egípcios e vai mais do que dobrar a receita anual do canal para US$ 13,2 bilhões até 2023, injetando capital estrangeiro muito necessário em uma economia que está com dificuldades para se recuperar da crise política de 2011, que derrubou o presidente Hosni Mubarak, e da turbulência dos anos seguintes.
Economistas e companhias de transporte marítimo questionaram o valor do projeto, dizendo que o aumento do tráfego e de receitas que o governo espera exigirão mais crescimento no comércio global, o que atualmente parece improvável.
A passagem aberta pelo homem entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo, que foi inaugurada em 1869, é vista como símbolo do orgulho nacional egípcio. A imprensa pró-governo tem comparado El-Sissi ao ex-presidente Gamal Abdel Nasser, que nacionalizou o canal em 1956, rompendo com o passado colonial do país.