sexta-feira, 17 de julho de 2015

Delator da Lava Jato diz à Justiça que presidente da Câmara recebia propina

Eduardo Cunha é acusado de receber dinheiro de fraudes na Petrobras.
Novas revelações batem com os depoimentos do doleiro Alberto Youssef.

Marcelo RochaCuritiba
Mais um delator da Lava Jato disse, em depoimento à Justiça, que o presidente da Câmara,Eduardo Cunha, recebia propina vinda de fraudes na Petrobras.
Júlio Camargo disse ao juiz que foi pressionado por Fernando Baiano para pagar propina em um contrato de navios-sonda com a Petrobras. O destinatário da propina seria Eduardo Cunha. Baiano é apontado como operador do PMDB no esquema e seria o intermediário do presidente da Câmara.
Para apressar o pagamento da propina, segundo Camargo, Cunha teria usado como manobra a apresentação de requerimentos na Câmara, contra ele e uma empresa do grupo Toyo Setal.
Camargo disse que teve um encontro com Fernando Baiano e com Eduardo Cunha, no Rio de Janeiro. “Foi extremamente amistoso, dizendo que não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando, no qual ele era merecedor de 5 milhões de dólares e que isso estava atrapalhando. Foi a complementação daqueles 10 milhões de dólares que eu digo que tive que pagar”, disse o delator.
Júlio Camargo disse que Alberto Youssef fez os pagamentos a Cunha no exterior, por meio de uma empresa do doleiro para liquidar os pagamentos, o ex-consultor também afirma ter usado empresas de Fernando Baiano.
Em depoimentos prestados anteriormente, Júlio Camargo disse que não se lembrava de encontros com Eduardo Cunha para discutir pagamento de propina. Na versão de agora, ele afirma que não havia citado Cunha porque acreditava que só deveria citar políticos no Supremo Tribunal Federal. Júlio Camargo também disse temia a influência do presidente da Câmara em outros negócios da Petrobras.
As novas revelações batem com os depoimentos do doleiro Alberto Youssef, que já apontava Cunha como um dos que recebiam propina das fraudes na Petrobras. Em depoimento, o doleiro também se mostrou preocupado com a influência de Eduardo Cunha. “Eu, como réu colaborador, quero deixar claro que eu estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras por um deputado, pau mandado do senhor Eduardo Cunha”, declarou Youssef.
Eduardo Cunha, que é investigado pela Procuradoria Geral da República, disse que Júlio Camargo foi obrigado a mentir. “Quem não deve não teme e ele está mentindo. E o delator tem que provar a sua mentira, não cabe. O ônus da prova é de quem acusa, não é de quem tem que se defender”, disse o deputado Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara.
Sobre o depoimento de Alberto Youssef, a assessoria do deputado Eduardo Cunha informou que ele não comenta leviandades. A defesa de Fernando Baiano considera estranho que um delator mude a sua versão 10 meses depois do primeiro depoimento.
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