ALMANAQUE
Publicação28/05/2015 - 08h36Atualizado28/05/2015 - 08h36
Foram nada menos que cinco prêmios no recente Cine PE, incluindo a Calunga de melhor filme. Além do prêmio maior do Festival do Recife, Permanência recebeu os de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante (Rita Carelli e Laila Pas), ator coadjuvante (Genésio de Barros) e direção de arte (Juliano Dornelles). Mas Permanência não deu a Calunga de direção para Leonardo Lacca. Ela foi para Pedro Costa, de Cavalo Dinheiro. O autor português ganhou também os prêmios de fotografia e roteiro, e em ambos Pedro Costa tem o crédito - coescreve e opera a câmera. O júri do Recife consagrou a autoria do português. Deu o prêmio de ator para Lázaro Ramos, por O Vendedor de Passados, que Lula Buarque de Holanda adaptou do romance de José Eduardo Agualusa.
É raro que concorrentes de um festival brasileiro cheguem tão rapidamente às salas. Às vezes, nem chegam. Nesta quinta, 28, O Amuleto, polêmica incursão de Jefferson De pelo cinema de gênero, soma-se a O Vendedor de Passados e a Permanência, todos os três disputando espaço (e plateias). Eram seis filmes no Recife. A metade já pode ser conferida de Norte a Sul do País. O público que for ver Permanência a partir desta quinta, 28, poderá até achar que existe algo déjà vu no filme - a cidade de São Paulo, Irandhyr Santos, de novo na pele do protagonista, agora um fotógrafo pernambucano que realiza sua primeira exposição individual. O sentimento será tanto mais insistente para quem identificar no final o crédito - Gregorio Graziosi foi consultor no roteiro, justamente ele, o diretor de Obra, com o qual Permanência não deixa de possuir parentesco, mesmo distante.
"Na verdade, e apesar da consultoria, o projeto do meu filme já existia antes. Irandhyr já era o meu ator. Gregório o escolheu depois de mim", esclarece o diretor Leonardo Lacca. Quem o conhece, por se lembrar de Décimo-segundo, vai identificar Irandhyr e Rita como atores do curta. Interpretam os mesmos personagens - o fotógrafo Ivo, de passagem por São Paulo, hospeda-se na casa da ex e Rita (é seu nome) está casada com outro. Sua presença (a permanência?) gera tensões entre o casal. "Embora os atores e até personagens sejam os mesmos, o filme não é uma sequência. O diálogo entre eles decorre do fato de que o universo que retratam é meu, desenvolve uma pesquisa minha. Mas se passaram oito anos e Permanência é para ser visto de forma independente. Representam diferentes fases. O curta foi um exercício."
O novo exercício investiga sentimentos, aborda temas como amor e sexo, as lembranças. São Paulo não é só um cenário. Vira personagem. "A cena do metrô é decisiva para mim. Precisava de uma cidade com aquelas características do metrô. Se não fosse São Paulo, teria de ser Londres. Não conseguiria filmar em nenhuma outra cidade brasileira", acrescenta Lacca. Irandhyr e Rita já haviam trabalhado juntos. Conheciam seus personagens. Irandhyr, no filme, tem uma relação difícil com o pai, que não o reconheceu como filho. O reencontro de ambos, que certamente contribuiu para que Genézio ganhasse o prêmio, é um modelo de concisão, de não dito. Laila Pas é a novidade, e não apenas desse elenco. "Sou produtora, mas resolvi fazer o teste de elenco e fiquei muito feliz por ter sido escolhida. Mais feliz de ter sido premiada." Laila aparece numa cena de nu frontal. Mais de 50 anos depois de Norma Bengell em Os Cafajestes, de Ruy Guerra, a cena ainda deu o que falar. Além de talentosa, a garota tem um dos mais belos corpos (o mais?) do cinema brasileiro. Você nunca viu, talvez nunca verá, violão como aquele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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