Cesare Battisti chega de Kombi ao casamento e festeja com churrasco
Cerimônia, realizada em Cananéia, durou cerca de 15 minutos.
Confraternização foi organizada por amigos do casal.
Simples e rápida. Assim foi a cerimônia de casamento de Cesare Battisti, ex-ativista italiano de 70 anos, realizada noite deste sábado (27), em um camping localizado em Cananéia, no Vale do Ribeira, litoral de São Paulo. Os noivos chegaram ao local da cerimônia em uma Kombi e foram recebidos por cerca de 100 convidados. Após o casório os noivos foram para um churrasco e Battisti anunciou que em breve deve lançar um livro narrando suas histórias.
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Toda organização do evento foi realizada pelos amigos do casal, que fizeram questão de demonstrar apoio ao italiano, e não contou com muito luxo. A cerimônia umbandista foi abençoada por uma mãe de santo e durou cerca de 15 minutos.
A celebração religiosa estava marcada inicialmente para às 17h, mas só teve inicio cerca de duas horas depois. "Ela [Joice] sempre me acompanhou nos momentos difíceis, o casamento era apenas uma formalidade. Pra mim é um dia maravilhoso. Isso tudo só está sendo possível pois tenho muitos amigos que me ajudaram. Esse é um momento bom que está apenas começando", contou o italiano.
Battisti preferiu não comentar sobre seu imbróglio com a Justiça, mas faz planos para o futuro. "Agora quero lançar um livro com minhas histórias em setembro e finalizar um trabalho de ficção-história sobre Cananéia, que já está metade finalizado. Não sei fazer outra coisa a não ser escrever. Tudo isso que aconteceu comigo acabou me afastando dessa área, mas tudo bem, pois agora estou rodeado de amigos", disse.
Depois da cerimônia, o casal e os convidados aproveitaram a área social do hotel para comemorar o matrimônio com churrasco. A festividade também foi organizada pelos amigos do casal, e a trilha sonora foi a Música Popular Brasileira (MPB).
Sobre a escolha pelo município paulista, o ex-ativista se disse identificado com a cidade. "Tenho um carinho especial pelo município, que me acolheu quando fiquei livre. No início, a população ficou um pouco receosa, mas depois todos me acolheram", contou o recém-casado.
A esposa de Battisti é a brasileira Joice Lima, com quem o italiano mantém um relacionamento há dez anos. "Acho que depois de 10 anos de relacionamento, é uma realização especial para nós dois, ver toda a família reunida, amigos, todos aqueles que nos apoiaram. É um momento de total felicidade", afirmou a noiva.
Acusado de participação no assassinato de quatro pessoas na Itália, Battisti integrava o grupo terrorista ‘Proletariados Armados pelo Comunismo’. Ele foi julgado e condenado à prisão perpétua, mas fugiu.
Após uma passagem pela França, ele se radicou no Brasil. Descoberto, teve sua extradição pedida pela Justiça italiana, no entanto a decisão final ficou à cargo do ex-presidente Lula, que negou o pedido. Battisti morou em Cananéia em 2010 e depois se mudou para São Paulo.
O secretário de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Eduardo Suplicy foi um dos convidados, no entanto, em entrevista ao G1 antes da cerimônia, Suplicy disse que ficou lisonjeado com o convite, mas que não poderia participar da cerimônia.
Crime
Battisti foi condenado na Itália à prisão perpétua por envolvimento em quatro homicídios cometidos nos anos 1970, quando integrava o grupo Proletariados Armados pelo Comunismo. Em 2004, ele fugiu para o Brasil, sendo preso em 2007. A Itália pediu sua extradição e o Supremo Tribunal Federal (STF) concordou, mas destacou que isso é competência do presidente da República.
Battisti foi condenado na Itália à prisão perpétua por envolvimento em quatro homicídios cometidos nos anos 1970, quando integrava o grupo Proletariados Armados pelo Comunismo. Em 2004, ele fugiu para o Brasil, sendo preso em 2007. A Itália pediu sua extradição e o Supremo Tribunal Federal (STF) concordou, mas destacou que isso é competência do presidente da República.
Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou Battisti alvo de perseguição e negou a extradição. O Supremo voltou a discutir o caso, mas considerou que a decisão do presidente tinha que ser respeitada. O ex-ativista italiano chegou a ser detido novamente no dia 12 de março deste ano, mas foi libertado após permanecer recluso por sete horas.
Situação de Battisti
Para o Ministério Público Federal (MPF), o Governo Federal fez uma "desesperada tentativa" de regularizar a situação de Battisti, quando o Conselho de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego concedeu ao ex-ativista autorização de permanência no País.
Para o Ministério Público Federal (MPF), o Governo Federal fez uma "desesperada tentativa" de regularizar a situação de Battisti, quando o Conselho de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego concedeu ao ex-ativista autorização de permanência no País.
Para a Procuradoria, o ato de concessão foi ilegal, porque a legislação proíbe concessão de visto a estrangeiro condenado em outro país. Por conta disso, pediu a deportação para países de procedência de Battisti, depois que fugiu da Itália – México e França.
No processo, a União argumentou que a Procuradoria tenta rediscutir uma decisão tomada pelo presidente e confirmada pelo Supremo.
Para a juíza federal de Brasília, Adverci Rates Mendes de Abreu, o Conselho de Imigração contrariou a lei ao conceder a permanência. Além disso, ela afirma que não se pode confundir deportação com extradição. A deportação visa enviar o estrangeiro ao seu país de origem ou procedência, caso esteja em situação irregular, enquanto a extradição é determinada para permitir o cumprimento de uma pena.
A magistrada afirma que a deportação de Battisti não afrontaria a decisão de Lula e nem a do Supremo.
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