Violência policial no Brasil é criticada em relatório do governo dos EUA
Documento anual sobre direitos humanos analisa mais de cem países.
Brutalidade de Estado Islâmico e Boko Haram em 2014 foi destaque.
Em seu relatório anual sobre a situação global dos direitos humanos, o governo americano denunciou, na quinta-feira (25), as "atrocidades" e a "brutalidade" dos grupos islamitas armados, principalmente Estado Islâmico (EI), Al-Qaeda e Boko Haram, em 2014.
O volumoso informe publicado todo ano pelo Departamento de Estado aponta, em geral, as violações de direitos humanos cometidas pelos governos.
No capítulo referente ao Brasil, há críticas ao uso excessivo da força policial e às condições carcerárias no país, além de menções a corrupção, exploração trabalhista e violência contra membros da comunidade LGBT.
"Os mais significativos abusos a direitos humanos incluíram condições ruins e às vezes de ameaça a vida em algumas prisões; corrupção, tráfico sexual, incluindo de crianças; trabalho forçado e condições exploratórias de trabalho", diz a abertura do capítulo.
"Outros problemas de direitos humanos foram o uso excessivo de força e mortes ilegais pela polícia; espancamentos, abusos e tortura de detentos pela polícia e por forças carcerárias; detenções pré-julgamento prolongadas e atrasos de julgamentos; censura judicial da mídia; violência e discriminação contra mulheres e meninas; violência contra criança, incluindo abuso sexual; conflitos sociais entre comunidades indígenas e proprietários de terras que ocasionalmente levaram à violência; discriminação contra indígenas e minorias; violência e discriminação social contra lésbicas, gays, bisexuais e transgêneros (LGBT); aplicação insuficiente das leis trabalhistas e trabalho infantil no setor informal", acrescenta o texto.
Mas, apesar de tantas críticas, o Brasil não é citado como um dos países com maior número de problemas na abertura do relatório, assinada pelo Secretário de Estado, John Kerry. Além de países sob a ameaça do Estado Islâmico, ele destaca em seu pronunciamento locais como China, Tailândia, Rússia e Venezuela.
Como destaca a agência AFP, Kerry afirma no prefácio do relatório que grupos islamitas armados "deixaram claro que não apenas eles não têm qualquer consideração pelos direitos humanos, como tampouco pela vida humana, ponto".
"Toda semana traz novos exemplos do quão longe o mal desses grupos alcança", completa o documento, que relata decapitações, pessoas queimadas vivas, meninas vendidas como escravas e civis sendo "ampla e indiscriminadamente" executados.
O subsecretário de Estado para Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Tom Malinowski, descreveu 2014 como "um ano difícil para os direitos humanos" e apresentou uma lista de países onde liberdades básicas foram perdidas, ou estão sob ataque.
O "index" do Departamento de Estado faz um levantamento do quadro dos direitos humanos em cada país - menos nos Estados Unidos.
"Não incluímos nosso próprio registro nesse relatório porque não podemos ser observadores objetivos do nosso próprio comportamento", justifica o órgão, ressaltando, contudo, que "o escrutínio de grupos de direitos humanos" foi bem-vindo.
Marcando uma inflexão em relação a edições passadas, o relatório de 2014 ressalta o surgimento de grupos como o EI, junto com o avanço de outras organizações terroristas já estabelecidas, entre elas a Al-Qaeda na Península Arábica, a Al-Qaeda no Magreb Islâmico, o Boko Haram na Nigéria e os shebab somalis.
"Nenhum acontecimento foi mais perturbador do que o aumento de grupos como o Daesh [acrônimo do EI em árabe]", declarou o secretário de Estado americano, John Kerry, ao divulgar o documento.
"A brutalidade desses atores é uma das tendências mais evidentes do '2014 Country Reports'", descreve o documento, divulgado com quatro meses de atraso.
Ao mesmo tempo, discriminou alguns países, como Síria e Irã, pela repressão das liberdades. China, Arábia Saudita, Egito, Rússia, Cuba e Etiópia também aparecem na lista negra.
Na véspera da nova rodada de negociações sobre o programa nuclear de Teerã entre Kerry e o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, o Departamento de Estado alertou: "o Irã continuou a restringir severamente as liberdades civis, incluindo as liberdades de reunião, de discurso, de religião e de imprensa". O texto destacou "a violência e a repressão com motivação política" no país.
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