Proibir foie gras em SP não resolve crueldade contra animais, dizem chefs
Lei sancionada por Haddad proíbe produção e venda de iguaria francesa.
Restaurantes terão 45 dias para retirar pratos do cardápio na capital.
Chefs de cozinha e responsáveis por restaurantes que servem o foie gras classificaram como absurda a proibição da produção e comercialização da iguaria típica da culinária francesa em São Paulo. Ouvidos pelo G1, eles defendem que a medida não resolve a crueldade contra animais e disseram que a criação e abate de outras espécies são ainda mais "cruéis" (veja no vídeo acima).
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“Não tem sentido. Interromper a venda na cidade de São Paulo não é significativa. O abate de animais não é exclusivo do pato. Há práticas muito mais invasivas, como o abate de porcos de granja”, afirmou o chef Marco Renzetti, do restaurante Osteria del Pettirosso. O estabelecimento usa cerca de 1,5 kg de foie gras por mês. Os pratos serão retirados do cardápio.
O foie gras é o fígado gordo de ganso ou pato, resultado de um método milenar conhecido como gavage, em que os animais são forçados a se alimentar. Ativistas consideram o método cruel. Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), a medida é de interesse público porque "denota a preocupação em se coibir a crueldade e os maus-tratos aos animais".
A lei que proíbe a produção e comercialização da iguaria foi publicada nesta sexta-feira (26) no Diário Oficial da cidade e tem prazo de 45 dias para entrar em vigor. Até lá, restaurantes e empórios poderão vender o produto. Em média, um quilo de foie gras de pato nacional custa R$ 300.
O empresário francês Jean Pierre Cantaux mora no Brasil há 24 anos e considerou a decisão da Prefeitura como “uma imposição sem embasamento”. “A criação de patos não é como antigamente. Se for levar desse jeito, vai ter que proibir todo tipo de criação de animais”, defendeu o empresário, que vive em São Paulo com a esposa e filhos e trabalha em Coita.
Segundo ele, o foie gras não é consumido diariamente pelos franceses, mas é um item quase que indispensável em momentos de reunião, como aniversários e festas familiares. “É uma pena [proibirem]. Você regride uma questão cultural. É como castrar a liberdade. A gente tem que ter o direito de escolha do que vamos comer”, completou o empresário francês.
Alguns estabelecimentos que usam o ingrediente nos pratos na capital, como o Le Vin Bistrô (com unidades no Jardins, Itaim, Vilaboim e MorumbiShopping) e a Brasserie Le Jazz (em Pinheiros) tiraram o foie gras do cardápio quando o projeto de lei ainda tramitava na Câmara Municipal de São Paulo.
Outros locais ouvidos pelo G1 que ainda vendem o produto prometem de adaptar, mas lamentam a medida. “O certo seria cortar o mal pela raiz e fiscalizar direto na produção. É como uma ditadura você proibir que os apreciadores possam comer um prato com o foie gras”, disse o responsável pelo Félix Bistrot, na Granja Vianna, Vinícius Rioli.
Multa
Em caso de descumprimento, o comerciante poderá ser multado em R$ 5 mil. Em caso de reincidência, o valor dobra. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o prazo de 45 dias será necessário para que os estabelecimentos se adaptem às novas regras.
Em caso de descumprimento, o comerciante poderá ser multado em R$ 5 mil. Em caso de reincidência, o valor dobra. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o prazo de 45 dias será necessário para que os estabelecimentos se adaptem às novas regras.
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