segunda-feira, 29 de junho de 2015



 

Petrobras vai rever cadastros de fornecedores, diz Bendine

Companhia reduziu investimentos em 37% entre 2015 e 2019.
Objetivo de plano é reduzir a alavancagem da dívida, diz presidente.

Lilian QuainoDo G1, no Rio
Diretoria da Petrobras detalhou nesta segunda (29) o nvo plano de negócios da empresa (Foto: Lilian Quaino/G1)Diretoria da Petrobras detalhou nesta segunda (29) o nvo plano de negócios da empresa (Foto: Lilian Quaino/G1)
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou nesta segunda-feira (29) que o principal objetivo do novo plano de negócios e investimentos é "reduzir a alavancagem" da dívida da companhia. O endividamento líquido da estatal saltou para R$ 332 bilhões no final do 1º trimestre de 2015, ante R$ 282 bilhões no término de 2014.
A diretoria detalha o plano em entrevista coletiva no Rio de Janeiro. SIGA EM TEMPO REAL
Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 prevê US$ 130,3 bilhões em investimentos – uma redução de 37% na comparação com o plano anterior, de 2014 a 2018. O novo Plano de Negócio foi aprovado na sexta-feira (26) pelo Conselho de Administração da estatal e divulgado nesta segunda ao mercado.
"Fizemos um plano robusto, bastante realista diante da nova realidade do setor de petróleo e gás. Todas as majors têm feito uma redução no plano de investimento para reduzir sua dívida", afirmou Bendine
Cadastros de fornecedores
Bendine anunciou também que a empresa vai fazer uma revisão de cadastros de fornecedores para que haja segurança na execução de projetos. Ele disse que a decisão não se refere diretamente ao fato de fornecedores terem sido citados como envolvidos na operação Lava Jato, mas sim, para dar mais segurança ao novo plano de negócios.
“Serão aplicadas regras de compliance (governança) e medidas protetivas de maior robustez com fornecedores para dar segurança na execução de projetos. Vai ser feito de uma forma ampla, caso não tenhamos capacidade de fazer isso no Brasil, podemos buscar alternativas até no mercado externo”, disse o presidente da Petrobras
Empresa procura parcerias para concluir Comperj
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, ressaltou também a necessidade que a companhia e o país têm de incrementar o setor de refino de petróleo. Segundo ele, a empresa passa a ver o Compexlo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) mais como uma refinaria do que como um polo petroquímico. Dessa forma, a Petrobras está reestruturando a obra na parte da refinaria para encontrar um parceiro para concluir a obra.
“É fundamental ampliar a capacidade de refino. Com parcerias e investidores e estratégicos, possa haver a evolução do segundo trem do Comperj e ampliação petroquímica”, disse Bendine.
Jorge Celestino, diretor de Abastecimento, afirmou que a primeira fase e a infraestrutura do Comperj ficam prontos em outubro de 2017. 
A Refinaria Abreu e Lima (Renest) foi replanejada e o segundo trem tem previsão de obras 2017 e 2018 , entrando em operação em fins de 2018. Dos investimentos em abastecimento, que constam no Plano de Negócios da companhia no período de 2015 a 2019, US$ 1,4 bilhão é destinado ao término da Renest.
Entenda o plano
A maior parte dos investimentos – US$ 108,6 bilhões – será feita na área de exploração e produção. Deste valor, 86% serão destinados ao desenvolvimento da produção, 11% para exploração e 3% em suporte operacional. Serão investidos US$ 64,4 bilhões em novos sistemas de produção no Brasil – deste total, 91% no pré-sal.
Segundo analistas, o novo plano trouxe premissas realistas e um corte de investimentos em linha com o esperado, mas ainda gera incertezas em relação à política de preços dos combustíveis e também sobre como a companhia irá conseguir vender dezenas de bilhões de dólares em ativos.
Endividamento
A relação entre endividamento líquido e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deverá cair para 3 vezes até 2018 e para 2,5 vezes até 2020, afirmou a estatal, que registrou índice de 3,86 vezes no fim de março de 2015.
A companhia disse que projeta alavancagem líquida (relação entre o endividamento líquido e o endividamento líquido somado ao patrimônio líquido) inferior a 40% até 2018 e a 35% até 2020, ante 52% ao fim do primeiro trimestre.
Petrobras reduz investimentos em 37% em novo plano de negócios (Foto: Reprodução / Petrobras)Petrobras reduz investimentos em 37% em novo plano de negócios (Foto: Reprodução / Petrobras)
Venda de ativos maior
Para melhorar a situação das contas, além de reduzir investimentos, a empresa também pretende vender bens e outros ativos – é o chamado desinvestimento.

O montante de venda previsto para este e o próximo ano soma US$ 15,1 bilhões, ante uma estimativa anterior de US$ 13,7 bilhões. Do total, 30% serão em exploração e produção, 30% no abastecimento e 40% em gás e energia.

Entre 2017 e 2018, os desinvestimentos deverão somar outros US$ 42,6 bilhões, incluindo reestruturação de negócios, desmobilização de ativos (venda de um bem, que poderá ser alugado em seguida) e desinvestimentos adicionais.
Segundo Bendine, por uma questão de "lógica de mercado", a Petrobras não irá detalhar os ativos que serão colocados à venda, até mesmo como estratégia para não depreciá-los.
“A companhia vai trazer a prerrogativa de não detalhar os ativos por regras do mercado, para não depreciá-los, mas a empresa tem conjunto de ativos belíssimo e a gente entende, apos exaustiva avaliação, terá boa procura no mercado. Vai buscar sinergias para poder ter incremento na restabilidade e no ganho, maior eficiência nos custos da companhia, conjunto de medidas não é só venda de ativos, mas desenvolvimento de negócios correlatos”, disse.
Meta de produção é reduzida
A Petrobras também reduziu a sua meta de produção para 2020. No Brasil, a estimativa de produção de óleo e gás foi revisada de 4,2 milhões de barros diários para 2,8 milhões de barris diários. Na produção total no país e no exterior, o número foi reduzido de 5,3 milhões para 3,7 milhões.

"As metas de produção de óleo, LGN (líquido de gás natural) e gás natural no Brasil foram atualizadas, refletindo postergação de projetos de menor maturidade ou atraso na entrega das unidades de produção, principalmente em função de limitações de fornecedores no Brasil", disse a estatal.

"A companhia espera alcançar uma produção total de óleo e gás (Brasil e internacional) de 3,7 milhões de boed em 2020, ano no qual estimamos que o pré-sal representará mais de 50% da produção total de óleo", acrescentou o comunicado.

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